Mercado para idosos cresce e demanda novas tecnologias

A população de idosos no Brasil, de acordo com o IBGE, beira a casa dos 40 milhões de brasileiros, o que representa um grande mercado para produtos para terceira idade, novas instituições para abriga-los e novas tecnologias para melhoria dos cuidados

Os índices indicam que essa população só deve crescer numericamente, na medida em que os brasileiros estão vivendo mais. Assim, cresce o mercado de apoio ao envelhecimento. Cresce o número de confecções para a terceira idade, cursos, ginástica, casas de repouso e, principalmente, a tecnologia que facilita a vida de todos.

Em Campinas, e nas 17 cidades ao redor da região, existem 354 casas de repouso e residenciais, sendo grande parte delas usuária de novas tecnologias para monitoramento e controle da saúde dos idosos. De acordo com José Rubens de Almeida, criador da empresa Psiu sem Fio, especialista em sistemas para casas de repouso, a região detém grandes empreendimentos na área de hotelaria para a terceira idade e grande parte desses empreendimentos usam as campainhas e sensores desenvolvidos pela sua empresa. “O que percebemos na região é um olhar atento para as necessidades diárias da vida de um idoso, onde não só se cumpre a portaria da Anvisa, que torna obrigatório o uso de campainhas  para o idoso chamar a enfermeira quando necessário, mas existem produtos que hoje transcendem as determinações da ANVISA, permitindo um melhor controle sobre o paciente, com um sensor de presença, que instalado na própria cama do idoso, avisa a enfermagem assim que ele senta na cama, permitindo que a enfermagem se antecipe e evite a queda”.

De acordo com Daiane Brito, do Residencial Bosque dos Ipês, em Vinhedo, que usa campainhas do Psiu sem Fio tanto nos leitos como nos banheiros, para que o hóspede possa chamar as enfermeiras em caso de necessidade, depois dessa implantação houve uma grande melhoria no atendimento aos idosos. “Tanto que em alguns hóspedes – explicou – colocamos uma versão do equipamento no pescoço deles, que podem utilizar, caso tenham necessidade, enquanto caminham pelo Residencial. Porque o equipamento funciona muito bem para os lúcidos e para os não lúcidos também”.

Ainda de acordo com a enfermeira, para os acamados que estão com a família, a própria família quando percebe algum sinal de alerta, chama. Então, eles também utilizam o Psiu para chamar a equipe de enfermagem. “A nossa equipe, nesse momento de pandemia, também se beneficiou muito do equipamento porque, quando precisamos que um outro funcionário venha até a ala de isolamento, também acionamos a campainha sem fio. Ou se estamos trocando um idoso e precisamos de ajuda, também acionamos a campainha. Não é só o hóspede que usa, a equipe de saúde também usa”, explica Daiane.

Novos sensores
Com base nas necessidades desse mercado de idosos, Almeida desenvolveu toda uma linha detectada no mercado em 14 anos de atuação. Uma delas, explica, é quando o enfermeiro necessita entrar no quarto dos pacientes e não quer acender a luz para não atrapalhar o sono dos pacientes. “No momento em que ele entra o sensor de presença instalado no rodapé acende um feixe de leds que cria um tapete de luz, permitindo a entrada sem prejuízo do sono dos presentes”.

Outra linha de sensores, já instalada na região, é o sensor ultrassônico de movimento, que quando instalado acima do travesseiro do idoso, sinaliza quando ele senta na cama e apita continuamente no painel de enfermagem para evitar que ele se machuque porque tentou levantar da cama.

Outras tecnologias
Monitoramento dos pacientes 24 horas por dia, nos 7 dias da semana, foi a escolha tecnológica de Joyce Duarte Caseiro, médica fundadora da rede Terça da Serra, com matriz em Campinas e presença em diversos estados do país, somando mais de 100 unidades. “Para manter o controle e qualidade nos atendimentos dos idosos, a tecnologia foi a grande aliada. Começou pela implementação de uma equipe da área de saúde para acompanhamento 24 horas de todas as câmaras de todas as suas unidades, para acompanhamento do idoso e visualização de todas as rotinas, atendimento e intercorrências que poderiam surgir”.

De acordo com ela, o monitoramento trouxe maior tranquilidade, mas o crescimento levou ao aumento de câmeras, gerando uma nova necessidade do implemento de uma nova tecnologia, um sistema de alarme que permitisse aos técnicos de enfermagem e profissionais que fossem mais assertivos na hora de um atendimento emergencial, como os casos de queda de idosos à noite, um dos maiores problemas que as casas de repouso enfrentam. “Montamos um laboratório para desenvolvermos um sistema de monitoramento contínuo nos residentes. Através de um relógio colocado no pulso da pessoa, é possível acompanhar em tempo real o monitoramento cardíaco, nível de movimentação, e alarme de fuga e queda, otimizando e garantindo mais segurança nos trabalhos preventivos de toda equipe”, completa Joyce.

Novas modalidades
Sempre estudando novas alternativas de atendimento humanizado ao idoso, Joyce diz que o Terça da Serra, está tentando avançar, porque a equipe estuda muito o que existe lá fora. “Na Europa, nos Estados Unidos, as casas já são divididas por graus de dependência, tem casas para grau de dependência um, que são 100% ativos. Grau de dependência 2, que são mais cadeirantes, precisam de um pouco mais de cuidado e grau de dependência 3, que são aqueles mais acamados, Alzheimer mais avançado”.

“No Brasil, a cultura ainda é muito asilar, aí não vou institucionalizar, sabe? porque ainda tem aquele preconceito. Então o que normalmente o pessoal quer? A casa mais próxima de  casa, para  tentar ser presente, para a família não falar que o idoso foi abandonado. Não temos ainda essa cultura de divisão de grau de dependência. Esse vai ser o primeiro passo que  vamos dar aqui no Brasil, tentando  mudar essa cultura”, conclui.

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