De acordo com Thaisa Batista, fundadora da abler, é necessária uma mudança no pensamento coletivo para evitar desigualdades
Com um mercado de trabalho cada vez mais concorrido, profissionais com idades mais avançadas, em alguns casos, têm passado por dificuldades em processos de seleção e entrevistas de emprego. Muitos apontam que o etarismo — discriminação contra pessoas baseadas emestereótipos de idade — é a principal razão para esse fenômeno.
De acordo com Thaisa Batista, graduada em Administração de Empresas pela UFPR e fundadora da abler, startup que visa trazer agilidade e efetividade aos processos seletivos, os profissionais de RH devem se atentar a esse ponto desde o início do processo de recrutamento. “Esse é um cuidado que tem que ser tomado desde o início da seleção e, até mesmo, na própria descrição da vaga. É importante não utilizar uma linguagem tão expressiva, repleta de gírias e dialetos voltados ao público mais jovem”, relata.
Para a empresária, as imagens de divulgação também devem mostrar uma diversificação no campo da idade. “Acredito que não seja intencional, mas é muito raro ver uma identidade visual de divulgação que utilize pessoas que aparentam ter uma idade mais avançada. Isso ajuda a aumentar pré-julgamentos em relação à idade, por exemplo, de que pessoas mais velhas não tenham habilidade em aprender coisas novas e se desenvolver no ambiente de trabalho. É importante ir na contramão desse movimento e acolher pessoas mais velhas nos processos de seleção”, pontua.
Plataformas de recrutamento podem acolher trabalhadores com idades mais avançadas com atitudes que, se aplicadas da maneira correta, podem aumentar o número de pessoas capacitadas sendo inseridas no mercado de trabalho. “O primeiro passo é que no campo de cadastro da vaga não conste uma idade específica para a oportunidade de trabalho. Além disso, é importante que as plataformas de recrutamento contem com uma usabilidade prática e intuitiva”, aconselha Thaisa.
De acordo com a especialista em processos seletivos, as empresas estão começando a valorizar seus colaboradores com idades acima dos 50 anos. “Recentemente pudemos notar que grande parte das organizações e startups têm tido um olhar mais acolhedor, entendendo quais são os valores e os recursos que um profissional mais experiente pode agregar. Então o mercado como um todo tem notado os ganhos ao se contratar pessoas com idades mais avançadas”, revela.
Uma das maiores reclamações dos profissionais acima dos 50 anos é a falta de um contato apropriado após o processo seletivo em caso de não ter sido um dos selecionados para a vaga. Para a fundadora da abler é preciso estar atento a isso e, se possível, fazer um contato individualizado para apresentar essa informação ao candidato. “Pode ser válido apresentar claramente quais são os critérios utilizados no momento de cada etapa do processo, revelando os motivos para a desclassificação em questão. É importante associar esse motivo a uma justificativa plausível, seja ele com relação à escolaridade ou algum conhecimento técnico relacionado ao cargo”, explica.
Na opinião de Thaisa, esses profissionais agregam conhecimento e experiência para diversos segmentos da indústria, sendo necessários em vários sentidos dentro de uma empresa. “Quando se pensa em profissionais de 50 anos ou mais, pensamos em indivíduos que tenham valores sólidos, com anos de experiências profissionais que os tornaram as pessoas que eles são hoje. Isso enriquece os princípios empresariais e a própria cultura da empresa”, finaliza.